Conselhos para o Ensino
[...]
A escola sempre foi o mais importante meio de transferência da riqueza da
tradição de uma geração para a seguinte. Hoje isto aplica-se ainda mais do que
antigamente, porque, através do desenvolvimento moderno da vida econômica, o
papel da família como entidade portadora da tradição e da educação tem
enfraquecido. A continuidade e a saúde da sociedade humana estão, portanto,
ainda mais dependentes da escola do que anteriormente.
A
influência educacional que é exercida sobre o aluno pela realização de um certo
trabalho pode ser muito diferente, dependendo de o sentimento subjacente a este
trabalho ser dor, paixão egoísta ou desejo de prazer e satisfação. E ninguém
pode afirmar que a administração da escola e a atitude dos professores não têm
influência no modo como moldam as bases psicológicas dos alunos.
Quanto
a mim, a pior coisa parece ser uma escola que trabalhe principalmente com
métodos baseados no medo, na força e na autoridade artificial. Esse tratamento
destrói os bons sentimentos, a sinceridade e a autoconfiança do aluno. Produz o
sujeito submisso.
O
segundo motivo referido, a ambição, ou, em termos mais suaves, o desejo de
reconhecimento e consideração, está firmemente associado à natureza humana. Na
ausência de estímulo mental deste tipo, a cooperação humana seria completamente
impossível; o desejo de aprovação por um colega é certamente uma das forças de
coesão mais poderosas da sociedade. Neste complexo de sentimentos, as forças
construtivas e destrutivas estão muito próximas. O desejo de aprovação e
reconhecimento é um motivo saudável, mas o desejo de ser reconhecido como
melhor, mais forte ou mais inteligente do que outra pessoa ou mais estudioso
conduz facilmente a um estado psicológico excessivamente egoísta, que pode
tornar-se prejudicial para o indivíduo e para a comunidade.
Consequentemente,
a escola e o professor devem abster-se de utilizarem o método fácil de
incentivar a ambição individual por forma a levarem os seus alunos a trabalhar.
Devemos abster-nos de incentivar nos jovens a luta pelo sucesso na forma usual
como o principal objetivo de vida. O motivo mais importante para trabalhar na
escola e na vida é o prazer no trabalho, o prazer nos seus resultados e o
reconhecimento do valor do resultado para a comunidade. O importante é
desenvolver a inclinação para a brincadeira própria das crianças e o desejo de
reconhecimento também próprio das crianças e guiar a criança ao longo dos
aspectos importantes para a sociedade. Tal escola exige que o professor seja
uma espécie de artista na sua própria área.
Ainda
não disse nada até agora sobre a escolha dos assuntos a ensinar nem sobre o
método de ensino. Deve predominar o ensino das línguas ou a educação técnica em
ciência?
A
isto respondo: na minha opinião, tudo isso é de importância secundária. Se um
jovem desenvolver os músculos e a preparação física fazendo ginástica e
caminhando, estará mais tarde preparado para qualquer trabalho físico. Isto é
igualmente verdade no caso do treino da mente e do exercício das habilidades
mentais e manuais. Assim, o dito não está muito errado quando define a educação
da seguinte forma: “Educação é o que
fica quando esquecemos tudo o que aprendemos na escola!”
Albert
Einstein, in 'Discurso (1936)'
Por: Maria Daiane Peixoto
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